Diagnóstico tardio do TEA: Mulher diagnosticada aos 60 anos

A jornalista britânica Sue Nelson descobre seu diagnóstico tardio do TEA aos 60 anos de idade. “Enquanto me recuperava da covid-19 em janeiro, recebi mais um diagnóstico. Os sintomas apareceram primeiramente na infância, mas eu simplesmente não os havia reconhecido. Não existe o equivalente médico a um teste rápido para essa condição. Ela exige a avaliação de especialistas que montam quebra-cabeças de comportamento (usando peças que parecem vir de quebra-cabeças diferentes) para criar um quadro novo e inesperado.”

Os problemas do diagnóstico tardio TEA

É muito importante que as crianças com autismo recebam tratamento precoce para que possam desenvolver habilidades sociais e cognitivas. No entanto, a dificuldade em realizar precocemente o diagnóstico, faz com que ele se torne um diagnóstico tardio.

O diagnóstico tardio acontece, pois, muitas vezes, a criança recebe outros diagnósticos antes do autismo ser detectado. Muitas são diagnosticadas com TDAH, por exemplo, ou com problemas de processamento sensorial. Assim, o autismo não é detectado até que as demandas da escola e das situações sociais aumentem. Nesse contexto, é interessante conferir o nosso artigo que fala sobre alguns instrumentos diagnósticos que podem ser usados na avaliação do TEA evitando o diagnóstico tardio, leia clicando aqui.

Essas avaliações iniciais não são necessariamente imprecisas, pois se estima que 30 a 40% das crianças com transtorno do espectro do autismo também tenham TDAH. Da mesma forma, os desafios de processamento sensorial são comuns em crianças com autismo, sendo considerados um sintoma do transtorno. 

No entanto, esses diagnósticos tardios e/ou equivocados podem atrasar o diagnóstico de autismo. Enquanto as crianças receberem tratamento para TDAH ou para problemas de processamento sensorial, estarão deixando de fazer terapias que têm um impacto muito maior em suas vidas.

Dessa forma, o diagnóstico precoce é o que vai permitir que as crianças recebam tratamento adequado, ainda na primeira infância.

Porque o diagnóstico tardio tem tanta incidência

Existem várias razões pelas quais as avaliações iniciais da criança não resultam em um diagnóstico de autismo. Tanto os médicos quanto os pais gravitam em torno do diagnóstico com o melhor prognóstico. É compreensível, já que os médicos querem um certo nível de certeza antes de entregar um diagnóstico fechado de TEA. 

Portanto, a abordagem inicial costuma ser tratar o que é tratável e depois reavaliar. Por exemplo, tratar os sintomas como TDAH primeiro e acompanhar o desenvolvimento da criança.

Os pediatras querem dar uma chance ao desenvolvimento, uma vez que as crianças se desenvolvem em ritmos diferentes. Assim, os médicos tendem a tranquilizar os pais, desconsiderando sinais importantes que indicam a presença do TEA.

O diagnóstico do autismo não é simples, requer avaliações com diferentes especialistas e entrevistas estruturadas com os pais sobre os sintomas atuais e passados da criança. Dessa forma, o TDAH associado ao autismo pode ser confundido com um TDAH grave, pois sintomas dos dois transtornos podem ser muito semelhantes, a princípio.

O autismo é um espectro, com uma ampla gama de comportamentos. Muitas vezes, seus sintomas variados levam ao diagnóstico tardio do autismo.

Problemas sensoriais costumam ser detectados na pré-escola e, de fato, podem estar causando sofrimento à criança, mas geralmente não são o quadro completo. Quando o processamento sensorial se torna o foco principal ou único, a criança perde um tempo valioso de tratamento.

Os pais que enxergam sinais de autismo em seus filhos, devem buscar uma avaliação completa, feita por um profissional experiente no diagnóstico do TEA. Da mesma forma, professores também devem estar atentos aos sinais em seus alunos.

A conversa entre escola e família é fundamental para olhar cada criança atentamente e diante de dúvidas, procurar um especialista. Dessa forma, caso seja realizado o diagnóstico de autismo, a qualidade de vida da criança pode ser melhor cuidada.

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Leia o texto na íntegra: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2022/04/11/autismo-fui-diagnosticada-aos-60-anos.htm

Rebeca Collyer dos Santos  
Customer Success

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista e pós-graduanda em Neurociência pelo Centro Universitário Internacional UNINTER, com cursos na área de Educação Inclusiva pela Universidade Federal de São Carlos. Atua como Psicóloga na clínica CAEP, em Poços de Caldas (MG) e como Customer Success na empresa ODAPP Autismo.