No Brasil pouco se fala sobre exames genéticos e laboratoriais a respeito de transtornos do neurodesenvolvimento, por isso é de extrema importância valorizarmos os estudos que são realizados na área. A seguir citarei a respeito de um artigo publicado pela bióloga Graciela Pignatari.
Com o objetivo de comparar o exame de microarranjo genômico (CGH-array ou SNP-array) com o exame de sequenciamento do Axoma, 12 revisores compostos por neuropediatras, aconselhadores genéticos, especialistas em comportamento e geneticistas clínicos e laboratoriais se reuniram para realizar uma meta-análise a fim de analisar o impacto de tais exames no gerenciamento clínico dos pacientes com TEA, deficiência intelectual e Transtornos do neurodesenvolvimento. Vale ressaltar que o CGH/SNP-array, foi o primeiro teste sugerido para crianças com transtorno do neurodesenvolvimento.
Para tal estudo, os profissionais tiveram como base artigos científicos que foram publicados entre 01 de janeiro de 2014 a 29 de junho de 2018. Ao analisarem cada um deles, chegaram à seleção de 30 artigos mundiais de trabalhos realizados na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e no Oriente Médio.
Dentre os 30 artigos, 21 foram exclusivamente para transtornos do neurodesenvolvimento e nove, além dos transtornos do neurodesenvolvimento, foram também para casos clínicos específicos como por exemplo neutropenia, microcefalia, ou síndrome Coffin-Siris.
Após analisarem os artigos foi possível concluir que o rendimento do exame de sequenciamento completo do Exoma foi, no geral, em torno de 36%, sendo 53% para os transtornos do neurodesenvolvimento associados a outras condições e 31% para transtorno do neurodesenvolvimento isolado. Já no exame de microarranjo genômico (CGH/SNP-array), o rendimento foi de 15-20%. Com relação ao Transtorno do Espectro do Autismo, em específico, foi visto que O TEA sem comorbidades teve o rendimento de 16%, o TEA associado a deficiência intelectual heterogênea de 37% e o TEA associado a deficiência intelectual primária de 39%.
Com base na análise, conclui-se que, em alguns casos, o exame do sequenciamento do Exoma seria mais indicado que o exame do microarranjo genômico, como nos casos de pacientes com transtorno do neurodesenvolvimento, sobretudo para aqueles com TEA e com deficiência intelectual. Com isso para escolher um exame genético apropriado é necessário o conhecimento clínico do paciente.
Referências
PAIVA JUNIOR, Francisco. Qual exame genético é mais indicado, exoma ou array?. Tismoo. São Paulo, 13 de jan de 2022. Disponível em: < https://tismoo.us/ciencia/qual-exame-genetico-e-mais-indicado-exoma-ou-array/?utm_campaign=newsletter_14jan2022&utm_medium=email&utm_source=RD+Station> Acesso em: 01 de fev de 2022.
PIGNATARI, Graciela. Mapeamento genético- Qual exame genético é mais útil, exoma ou array?. Canal autismo, 2022. Disponível em:< https://www.canalautismo.com.br/artigos/mapeamento-genetico-qual-exame-genetico-e-mais-util-exoma-ou-array/> Acesso em: 02 de fev de 2022.