Autismo em Idosos

Você já observou que pouco se fala em autismo em idosos? Isso acontece, porque na década de 50 o autismo era visto como um sintoma da esquizofrenia, por isso muitas pessoas que são idosas hoje, em sua infância, adolescência e juventude foram diagnosticadas de modo equivocado.

Então podemos nos perguntar: “onde estão os idosos com Transtorno do Espectro do Autismo agora? será que a vida inteira foram vistos como doentes mentais e não tiveram o tratamento adequado?” É possível ir além e questionar que muitos por possuírem um comportamento considerado agressivo, viveram em prisões, nas ruas e em locais de segregação social ao invés de serem tratados e incluídos.

“Geralmente, adolescentes e adultos com transtorno do espectro autista são propensos a ansiedade e depressão. Apesar de ser um espectro amplo, diverso e particular com características singulares para cada indivíduo, o transtorno do espectro autista possui um grande impacto em crianças, família, comunidade e sociedade” (APA, 2014 apud CAVALCANTE et.al, 2021).

A transição que ocorre da adolescência para a fase adulta é repleta de desafios e inúmeras possibilidades para qualquer indivíduo, sobretudo para aqueles com TEA, devido às suas particularidades, por isso o sucesso dessa transição não depende apenas do nível de funcionalidade e autonomia, mas também das redes de apoio existentes para apoiar tais pessoas. De acordo com Vicente e Rasga (2017), os serviços disponíveis para o tratamento do TEA tendem a aumentar, tendo em vista que há algumas décadas o autismo recebia menos atenção das comunidades e da área da educação se comparado a hoje e que muito adultos e idosos ficavam sem registros e diagnósticos corretos

As mesmas autoras destacam que na fase adulta não existe uma resposta adequada dos serviços sociais, pois a partir do momento em que a pessoa sai da escola espera-se que a mesma encontre soluções para se desenvolver e tenha capacidade de executar determinada ocupação na sociedade. No entanto isto muitas vezes não ocorre devido à falta de um ensino superior adaptado ou de um emprego protegido, embora há sim instituições e empresas que prezam pelos direitos e proteção de adultos com TEA.

Hendricks e Wehman (apud Rosa 2015), corroboram essa questão em suas pesquisas relacionadas à transição do período escolar para a vida adulta em pessoas com TEA, pois em seus resultados apresentaram que apesar da existência de políticas públicas para a implementação de planos de transição para a vida adulta, os alunos com TEA, em sua grande maioria, não recebem, ou receberam serviços de apoio necessários para a realização desta transição. Com isso podemos indagar: “Como os idosos possuem qualidade de vida e tratamento adequado se na transição da fase escolar para a fase adulta não possuem necessariamente os apoios e os cuidados necessários?”.

Por isso, é importante pensarmos no hoje e no agora, pois as pessoas com TEA hoje, serão os idosos de amanhã. Atualmente, em 2022 temos um diagnóstico mais preciso e correto devido ao avanço da ciência e dos estudos, diante disso é possível uma melhor qualidade de vida e um tratamento a longo prazo para tais pessoas.

E para que tudo isso possa acontecer de maneira prática e eficiente, temos a ODAPP, que é uma plataforma de gestão terapêutica completa que auxilia o profissional da saúde em seus atendimentos. Para saber mais acesse: www.odapp.org.

Obrigada por me acompanhar até aqui. Até a próxima semana!

Referências

CAVALCANTE, Juliana Lima et.al. Qualidade de vida de autistas idosos: uma revisão narrativa. Ciência em Movimento – Educação e Direitos Humanos, v. 23, n. 46, p.  65-73, 2021.

KWANT, Fátima de. Idosos autistas. Holanda, 23 de out de 2019. Instagram: @fatimadekwant.  Disponível em: <https://www.instagram.com/p/B39a3Z_FHNk/>. Acesso em: 13 de jan de 2022.

ROSA, Fernanda Duarte. Autistas em idade adulta e seus familiares : recursos disponíveis e demandas da vida cotidiana. Tese (Doutorado). Universidade Federal de São Carlos, 2015.

VICENTE, Astrid M.; RASGA, Célia. O que acontece quando as crianças com autismo crescem? Um estudo exploratório. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal. Ed.especial 9,n.5,p.24-28, 2017.

Rebeca Collyer dos Santos – 
Redatora e Editora Chefe
do observatório do Autista.

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista e pós-graduanda em Neurociência pelo Centro Universitário Internacional UNINTER, com cursos na área de Educação Inclusiva pela Universidade Federal de São Carlos. Atua como Psicóloga na clínica CAEP, em Poços de Caldas (MG), como Customer Success na empresa Odapp Autismo e redatora do blog Observatório do Autista.