Registrar o desempenho e o comportamento do aprendiz é um dos itens básicos de um processo terapêutico, principalmente no tratamento do autismo. Além de estar previsto nas resoluções que norteiam a atuação em diversas profissões que atendem esse público, a prática de fazer anotações sobre a sessão é uma grande aliada no processo de desenvolvimento do aprendiz.
Neste artigo você vai descobrir:
- Quais são as vantagens de adotar essa prática em suas intervenções;
- Porquê muitos terapeutas tem receio de compartilhar suas anotações;
- Dicas para um registro efetivo.
Por que registrar as sessões terapêuticas?
A ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada) reconhece o tratamento multidisciplinar como uma abordagem essencial no atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este modelo busca integrar diferentes áreas de atuação para atender às amplas necessidades dos pacientes, combinando intervenções comportamentais, médicas, pedagógicas e terapêuticas.
A colaboração entre profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos e até mesmo a família permite que os objetivos do tratamento sejam abordados de forma mais holística e personalizada. Porém, para que isso aconteça de forma eficiente é necessário que os registros das sessões sejam elaborados de maneira clara e completa.
Esses dados das sessões podem ser quantitativos — gerando gráficos e padrões comportamentais — ou qualitativos — trazendo um resumo da intervenção e desempenho do aprendiz. Se bem elaborados, os registros qualitativos podem se tornar uma ferramenta poderosa tanto para garantir a qualidade do atendimento quanto para promover o desenvolvimento contínuo dos pacientes em tratamento.
5 vantagens de registros de sessão mais detalhados
1º Melhor acompanhamento da sessão
Registros detalhados permitem um acompanhamento preciso do progresso do paciente ao longo do tempo. Eles facilitam a identificação de padrões comportamentais e a eficácia das estratégias adotadas, além de ajudar na realização de ajustes terapêuticos baseados em dados concretos.
2º Integração de todos os envolvidos
Quando bem documentadas, as informações podem ser compartilhadas de forma eficaz entre diferentes profissionais (como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais), promovendo uma abordagem integrada que beneficia o paciente. Isso evita a fragmentação do cuidado e reduz o risco de intervenções duplicadas ou conflitantes.
3º Facilitação de auditorias e avaliações de qualidade
Registros detalhados são fundamentais para auditorias realizadas por operadoras de saúde ou reguladores. Eles demonstram a qualidade do atendimento, o cumprimento de protocolos e a legitimidade dos serviços prestados.
4º Maior clareza para a família
Os registros fornecem informações claras e compreensíveis para os cuidadores, promovendo um entendimento mais profundo sobre os objetivos do tratamento e a evolução do paciente. Isso fortalece o vínculo entre profissionais e famílias e aumenta a adesão ao plano terapêutico adotado.
Entenda por que a família deve ser incluída no tratamento terapêutico
5º Redução de retrabalho
Registros organizados reduzem a necessidade de revisitar dados anteriores, permitindo que os profissionais se concentrem no progresso atual e no planejamento futuro. Essa economia de tempo melhora a eficiência do tratamento e a experiência do paciente.
A polêmica: por que muitos terapeutas tem medo de compartilhar relatórios com mais informações?
Apesar da importância do compartilhamento de informações entre os envolvidos nos cuidados do aprendiz, muitas vezes terapeutas evitam compartilhar seus registros por medo de vazamento de dados sensíveis, o que incorreria em uma falta grave contra seu compromisso ético em manter a privacidade dos aprendizes.
No entanto, existe uma grande diferença entre partilhar um simples relato da evolução do paciente e expor informações privativas de domínio do profissional.
No primeiro caso, as informações compartilhadas deverão ser somente as necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho e para ações conjuntas dos envolvidos, como por exemplo:
- o humor do aprendiz ao chegar na clínica
- o nível de engajamento dele nas atividades propostas
- a ocorrência de comportamentos inadequados
- o objetivo da atividade realizada
- entre outras
Ou seja, não é esperado e muito menos recomendado o compartilhamento de:
- anotações pessoais do profissional
- critérios de correção
- pontuação de testes psicológicos
- dados sensíveis que não competem à atuação de outros profissionais da equipe
- entre outras
Guia para um registro de sessão efetivo
Escrever um relato de sessão pode parecer meio complicado, mas é mais simples do que parece. Definir uma estrutura para o registro antes de escrevê-lo pode te ajudar a elaborar um relatório muito mais rico. Você pode, por exemplo, começar escolhendo algumas questões chave para responder em seu relato.
Pensando em ajudar, preparamos aqui algumas questões para inspirar você a escrever seu registro de sessão de acordo com o seu contexto. Confira:
Se o seu registro responde a essas questões, ele já tem o necessário para manter todos os envolvidos alinhados.
Como a ODAPP te ajuda a otimizar esse processo?
Com sua conta Profissional na ODAPP, você tem a funcionalidade da Folha de Evolução. Por ela, você pode enviar seu relato de sessão e escolher compartilhar com a família ou só deixar para a equipe acessar. Assim, além de realizar o alinhamento dos profissionais envolvidos nos cuidados do aprendiz, você também pode manter a família mais informada e segura sobre o desenvolvimento da criança.
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Fontes
Resolução nº 001/2009 do Conselho Federal de Psicologia
Resolução nº649/2022 do Conselho Federal de Fonoaudiologia
Resolução nº 414/2012 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional