Autismo e a participação da família: o impacto do núcleo familiar no tratamento da criança

Família feliz realizando atividades para o tratamento de autismo
Um dia tudo mudou. Sua criança recebeu o diagnóstico de autismo e a vida de toda a família virou de cabeça para baixo e agora a preocupação era “como será daqui para frente?”. 

Muito provavelmente você já passou por essa situação ou conhece alguém que tenha passado. Esse tipo de questionamento é normal, principalmente porque o autismo é uma condição que envolve todos, e não apenas a pessoa que está no espectro.

São terapias, adaptações, cuidados, gastos e diversos outros tipos de mudanças que são vividos intensamente por essas famílias que são pegas de surpresa por essa nova realidade. No entanto, o papel do núcleo familiar é extremamente importante e vai muito mais além do que se imagina.

Família e o autismo: o caminho para os resultados reais

Uma das premissas fundamentais do ABA  (Análise do Comportamento Aplicada) é que a aprendizagem ocorre através da interação do indivíduo com o ambiente. Portanto, a participação da família e dos cuidadores é essencial para o sucesso do tratamento.

Você sabia que, de acordo com o ABA, a família deve ser considerada parte integrante da equipe terapêutica e deve participar ativamente do tratamento da criança? Isso inclui a participação em sessões de terapia, a implementação de estratégias comportamentais em casa e a comunicação regular com os terapeutas.

A atuação da família no tratamento é importante porque permite que a criança receba apoio e intervenção em todos os aspectos de sua vida. O círculo familiar é a principal fonte de suporte emocional e social da criança, e é fundamental que os pais estejam envolvidos no processo de tratamento para que possam entender e apoiar as estratégias comportamentais que estão sendo utilizadas.

Além disso, a participação da família ajuda a garantir que as habilidades adquiridas durante a terapia sejam generalizadas para outros contextos e situações de vida. Isso ocorre porque a família pode ajudar a aplicar as estratégias comportamentais aprendidas durante a terapia em casa e em outros ambientes.

Mas o que é generalização?

Dentro do contexto da terapia ABA voltada para o autismo, a generalização é quando um indivíduo consegue reproduzir uma habilidade aprendida em diferentes ambientes, sendo exposto a diversos tipos de estímulos.

Por exemplo, ao aprender a pintar um desenho com lápis de cor, é esperado que a criança consiga pintar qualquer tipo de figura com qualquer tipo de lápis de cor. Quando a criança apresenta dificuldade de realizar a mesma atividade, porém em um ambiente diferente e com ferramentas ligeiramente diferentes (no caso do exemplo, um papel diferente), significa que aquele aprendizado não foi generalizado. Ou seja, aquela habilidade não será aproveitada em todos os contextos da criança, o que dificulta sua rotina e desenvolvimento.

Por isso, é de extrema importância que a família e os cuidadores reforcem os estímulos propostos pelos terapeutas dentro de casa, para que a criança se desenvolva em um ambiente natural e não controlado, que no final das contas, será onde ela passará a maior parte de sua vida.

Entretanto, além dos benefícios para o desenvolvimento da criança, o envolvimento da família pode trazer, inclusive, vantagens financeiras.

Clique aqui e saiba mais: Suporte, Adaptação e Inclusão Escolar para crianças com TEA

Os altos custos dos tratamentos para autismo 

Como uma das abordagens mais eficientes e utilizadas no tratamento para TEA, o ABA funciona de maneira multidisciplinar, podendo envolver diversos tipos de profissionais durante o tratamento. 

Psicoterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional com Integração Sensorial, Equoterapia e Musicoterapia são alguns dos tipos de intervenções utilizadas pelo ABA. Por isso, facilmente uma criança com TEA pode chegar a 20, 30 ou até mesmo 40 horas semanais de terapia. Isso equivale a mais de R$30 mil mensais! Isso sem contar com outros gastos com medicamentos e adaptações que sejam necessárias para a criança.

Para muitos, saúde não tem preço, e ela realmente não deveria ter. Porém, vivemos em um país no qual a maior parte da população vive com até 2 salários mínimos, ou seja, R$2.424 por mês (acesse a fonte clicando aqui). Por isso, um grande desafio é encontrar maneiras de tornar a linha de cuidados da criança autista possível para a maior quantidade de famílias. E é nesse ponto que a atuação do núcleo familiar entra, aumentando as possibilidades de evolução da criança em um contexto natural e acessível: dentro de casa.

É por isso que a ODAPP luta pela inclusão da família no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança, fazendo com que os cuidadores acompanhem a evolução dela e participem das intervenções, para que o tratamento se estenda para fora da clínica e alcance resultados maiores e mais efetivos.


Fontes

O que é a generalização e por que ela é importante

A terapia ABA como ferramenta de auxílio no processo de inclusão escolar: parte III

A importância da estrutura familiar no desenvolvimento do autista

Entenda como a família apoia o desenvolvimento de pessoas com TEA

Terapia ABA para Autista e o dever de cobertura pelo Plano de Saúde

Beatriz Almeida Aguiar
Content Strategy

Formada em Letras pela Universidade Federal Fluminense em Niterói (RJ), migrou da Educação para a área de Tecnologia. Atua como Content Strategy na ODAPP Autismo.