Criar um ser humano não é uma tarefa fácil, e quando falamos em crianças neuroatípicas o desafio se torna ainda maior. Estereotipias, hipersensibilidades, seletividade alimentar, terapias e tantas outras experiências passam a fazer parte da vida de pais e cuidadores que muitas vezes ainda estavam aprendendo a como criarem suas crianças. Tudo isso somado aos demais desafios do cotidiano pode levar a um esgotamento emocional e físico, conhecido como burnout parental. Mas o que seria isso?
O que é o burnout parental?
O burnout parental é uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e diminuição do desempenho no trabalho. É uma condição que pode afetar qualquer pai, mãe, familiar ou cuidador que esteja sobrecarregado com as demandas e responsabilidades parentais. Essa sobrecarga pode ser particularmente ainda mais desafiadora para aqueles que cuidam de crianças com autismo. Isso ocorre porque as crianças no espectro requerem cuidados mais intensivos e especializados, o que pode aumentar o estresse e a exaustão dos pais.
Quais são os sintomas do burnout parental?
Os sintomas do burnout parental em pais de crianças com autismo podem incluir:
- exaustão física e mental,
- isolamento social,
- falta de motivação,
- sentimentos de desesperança e desamparo,
- problemas de saúde física e emocional.
Além disso, os pais de crianças com autismo podem sentir uma pressão adicional para atender às necessidades específicas de seus filhos e podem enfrentar dificuldades para encontrar apoio adequado e recursos.
Sabendo que esta é a realidade de muitos cuidadores, é importante falar sobre a prevenção, evitando que o estresse e cansaço natural do cotidiano evoluam para um quadro de burnout.
Para prevenir e tratar o burnout parental em familiares e cuidadores de crianças com autismo, é importante que eles tenham acesso a recursos e suporte adequados. Isso pode incluir terapias de apoio à família, aulas de treinamento sobre autismo, grupos de suporte para pais e acesso a cuidadores profissionais que possam ajudar a aliviar o fardo dos cuidados. Os pais também podem se beneficiar de técnicas de gerenciamento de estresse, como exercícios de respiração profunda, meditação e práticas de mindfulness.
4 dicas para combater o burnout
Aqui vão algumas dicas práticas que podem ajudar a aliviar os sintomas do burnout parental e prevenir o esgotamento emocional dos cuidadores:
1. Busque apoio emocional:
Encontrar apoio emocional pode ser especialmente importante para pais de crianças com TEA. Isso pode incluir buscar aconselhamento ou terapia individual ou em grupo ou se conectar com outros pais e cuidadores em sua comunidade que compartilham experiências semelhantes.
2. Estabeleça uma rotina consistente:
Crianças com autismo costumam se beneficiar de rotinas previsíveis e consistentes. Estabelecer uma rotina clara e consistente para o seu filho pode ajudar a reduzir o estresse para ambos. Tente manter horários regulares para as refeições, sono e atividades diárias.
3. Tire um tempo para si mesmo:
É importante que os cuidadores encontrem tempo para si mesmos para relaxar e se recarregar. Isso pode incluir fazer uma pausa durante o dia para meditar ou fazer uma atividade relaxante, ou reservar um tempo para fazer algo que lhe dê prazer, como um hobby ou um esporte.
4. Esteja aberto a mudanças:
As necessidades de crianças no espectro podem mudar ao longo do tempo, então esteja aberto a ajustar a rotina e as expectativas à medida que a criança cresce e se desenvolve. Trabalhe com profissionais de saúde e educadores para garantir que seu filho esteja recebendo o melhor suporte possível e que você esteja recebendo o suporte que precisa como cuidador
Além disso, é importante que os pais de crianças com autismo sejam gentis consigo mesmos e reconheçam que estão fazendo o melhor que podem. Ao se concentrar no autocuidado e na busca de apoio adequado, os pais podem reduzir o risco de burnout parental e manter a saúde e o bem-estar tanto para si mesmos quanto para seus filhos com TEA.
Conscientização é a chave
Como já vimos aqui, é bastante comum que o foco constante seja na criança, afinal de contas ela precisa de cuidados específicos que demandam essa atenção. Porém, isso tende a invisibilizar a jornada dos pais, mães e cuidadores, que sofrem com a autocobrança, julgamentos e preconceitos da sociedade, fazendo com que se isolem e ignorem a necessidade de ajuda.
Por isso é necessário falar mais sobre a saúde mental parental, lembrando da importância de se ter uma rede de apoio firme e eficaz. Isso não é sinônimo de fraqueza. Procurar ajuda faz com que você esteja bem e saudável para ser o suporte que a sua criança precisa. Cuidar de você também é cuidar dela. O autocuidado não é luxo, é uma necessidade. Cuide-se.