Criança Autista fica mais de 10 dias sozinho com a mãe que infartou

Criança autista fica sozinha por mais de 10 dias

Criança Autista fica mais de dez dias sozinho com a mãe que infartou: “O caso aconteceu em São Sebastião do Paraíso e comoveu os moradores do bairro Jardim Itamarati. Na segunda-feira, dia 16, E.S. foi até a casa de sua irmã Ana Paula, de 39 anos, pois estranhou que ela não havia entrado em contato com seus familiares há dias.

Ele chamou no portão por vários minutos e como estava tudo trancado, estourou o cadeado e arrombou a porta da sala. Na entrada ele já sentiu um forte cheio e foi até quarto de Ana Paula, onde a encontrou caída, sem vida, com seu corpo em avançado estado de decomposição. Na cozinha estava o filho dela, de 6 anos, uma criança autista, que não conseguiu se expressar para informar o que aconteceu.

A Polícia Militar foi acionada para registrar boletim de ocorrência. Inicialmente a suspeita era de que Ana Paula teria cometido suicídio e teria deixado comida pronta, biscoitos e suco, para que o filho se alimentasse.

Mas essa hipótese foi descartada com o exame feito no IML, que constatou morte por infarto. Segundo o laudo, o óbito pode ter ocorrido há mais de 12 dias, pelo estado em que o corpo foi encontrado. Durante esse tempo, a criança autista ficou ao lado da mãe e sozinho, se alimentando do que havia na mesa. O corpo foi liberado hoje para velório e sepultamento.”

Comentário

Ao falar do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), neste blog, sempre o assunto abordado é sobre a importância de algo, ou sobre os benefícios de algo para o TEA, e até mesmo sobre alguma notícia a respeito do assunto. Hoje o intuito é trazer uma reflexão para além de tudo já escrito por aqui. Possivelmente não teremos uma resposta pronta e decorada, porém poderemos refletir juntos e pensar em estratégias de enfrentamento plausíveis e reais.

Nossa missão é melhorar a qualidade de vida das famílias que convivem com crianças autistas, justamente por isso trago a notícia de hoje para refletirmos sobre a invisibilidade de muitas famílias que lidam com crianças com o TEA, sobre a luta diária dos familiares para ensinarem suas crianças autistas a se defenderem e a se expressarem e sobre o apoio da comunidade que cerca tais famílias e crianças. Nesse contexto, é interessante conferir o nosso artigo que fala sobre a qualidade de vida para crianças com TEA que é proporcionada por familiares e cuidadores, leia clicando aqui.

Estamos em constante evolução, e todos os dias são lutas e conquistas, mas em qual passo estamos? O que ainda precisamos melhorar e planejar? Deixo para você essa reflexão, talvez inquietante e conflituosa, porém real.

Os perigos de deixar crianças autistas sozinhas

Uma criança autista sozinha em casa, independentemente da sua idade, corre o risco de acidentes domésticos – como casos asfixia, incêndios e envenenamento – e fica também vulnerável aos conteúdos da internet sem monitoramento.

A criança autista sozinha em casa também tem maiores possibilidades de se colocar em problemas sem a supervisão e orientação de um adulto. Se uma criança mais velha é deixada sozinha por um tempo curto, os pais ou cuidadores precisam se certificar de que ela saiba onde eles estão e como entrar em contato.

Os pais também precisam verificar se o seu filho se sente confiante o suficiente para ser deixado sozinho, e se ele sabe o que de fato fazer para pedir ajuda caso precise.

Os efeitos de longo prazo em crianças autistas que ficam sozinhas por longos períodos de tempo podem ser vistos em seu comportamento. Elas podem se sentir mais solitárias, entediadas, ou com medo, e algumas delas até podem ficar deprimidas.

Obrigada por me acompanhar até aqui!

Fonte: https://correiosudoeste.com.br/noticia/3206/-Crian%C3%A7a-autista-fica-mais-de-10-dias-sozinho-com-a-m%C3%A3e-morta-que-infartou-

Rebeca Collyer dos Santos  
Customer Success

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista e pós-graduanda em Neurociência pelo Centro Universitário Internacional UNINTER, com cursos na área de Educação Inclusiva pela Universidade Federal de São Carlos. Atua como Psicóloga na clínica CAEP, em Poços de Caldas (MG) e como Customer Success na empresa ODAPP Autismo.