O isolamento social por COVID-19 e seus efeitos em crianças e adolescentes com o Transtorno do Espectro Autista.

“A pandemia da COVID-19 mobilizou pesquisadores de diversas partes do mundo em várias frentes científicas. Numa situação de Emergência de Saúde Pública, desde o início do ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a gravidade da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), caracterizada como uma pandemia. Os dados de setembro de 2021 confirmam mais de 223 milhões de casos de COVID-19 e 4,6 milhões mortes no mundo, sendo que no Brasil são quase 21 milhões de casos confirmados e mais de 585 mil mortos” (World Health Organization, 2021 apud Givigi et.al, 2021).

Sabe-se que para evitar a disseminação do vírus foi necessário realizar o isolamento social e isso gerou efeitos positivos e negativos, sobretudo para as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista, visto que apresentam déficit na interação social e na comunicação e que possuem interesses restritos e movimentos repetitivos e estereotipados.

Além do isolamento, várias medidas foram tomadas para conter a pandemia, como o fechamento de escolas, de parques, de serviços terapêuticos e de reabilitação, e de eventos públicos e privados. Com isso, crianças com Transtorno do Espetro Autista (TEA), apresentaram maior risco de sentirem-se angustiadas, estressadas, ansiosas e frustradas, podendo agravar possíveis problemas comportamentais.

Um dos impactos, provocados pelo isolamento social, foi a diminuição de renda de muitas famílias, que consequentemente provocou mudança no contexto familiar. Outo impacto foi com relação à rotina das crianças e adolescentes com TEA, pois muitos faziam algum tipo de atividade religiosa, artística, e esportiva, e até mesmo algum acompanhamento com um profissional da área da saúde como um terapeuta, e com o isolamento essas atividades foram substituídas por brincadeiras dentro de casa.

Por fim, a partir desses impactos, surgiram mudanças negativas e positivas no comportamento de crianças e adolescentes com TEA.  Com isso, algumas mudanças negativas foram: a modificação de rotina, a necessidade de suporte escolar e terapêutico, e a sobrecarga das famílias em assumir o cuidado e as demais obrigações. E dentre as mudanças positivas, observou-se que crianças com TEA que possuíam irmãos e apoio entre os membros da família enfrentaram melhor o isolamento. (Cahapay, 2020, Guidotti et al, 2020 apud Givigi et.al, 2021).

Fonte: Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, 24(3), 618-640, set. 2021. 

Rebeca Collyer dos Santos – Editora Chefe do Observatório do autista
Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais , pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista pelo Centro Universitário Internacional UNINTER, com cursos na área de Educação Inclusiva pela Universidade Federal de São Carlos. Atua como Psicóloga na clínica CAEP, em Poços de Caldas (MG) e como Customer Success na empresa Odapp Autismo.