Mais chance de desenvolver Autismo? Autismo não é desenvolvido ou adquirido

Desde o início do mês de fevereiro deste ano, alguns profissionais se movimentaram nas redes sociais após uma notícia de uma revista falando a respeito do desenvolvimento do Transtorno do Espectro do autismo. A revista, na qual não citarei o nome, afirmou ter realizado um estudo e com isso escreveu que meninos que passam duas horas por dia em frente às telas possuem mais chance de desenvolver autismo.

Inicialmente é importante lembrar que o TEA não é desenvolvido ou adquirido, e sim genético. Crianças que desenvolvem-se de modo neurotípico até os dois anos de idade e após esta idade apresentam déficits em seus comportamentos, não adquirirem ou desenvolvem o TEA, esse processo ocorre porque, a poda neural (eliminação dos neurônios e sinapses que não estão sendo utilizadas) que se inicia aos dois anos de idade na vida de todo ser humano, ocorre de modo irregular em crianças com TEA.

Perceba que não há um processo de adquirir em um meio externo ao sujeito, o que há são modificações internas, modo de funcionar do próprio indivíduo. Vale ressaltar que isto não o torna de modo nenhum culpado ou anormal, é apenas uma forma diferente de ser e de estar no mundo.

Com relação às horas exacerbadas em frente às telas, é notório que a criança apresentará comportamentos deficitários, e até mesmo risco de obesidade, maior pressão arterial e problemas relacionados à saúde mental, pois não estará estimulando a imaginação, a interação social, e a cognição, visto que estará apenas recebendo informações prontas. Entretanto tais comportamentos não são iguais aos de pessoas com TEA e tampouco suficientes para fechar um diagnóstico. Novamente deixo claro que tal Transtorno, segundo o DSM 5, é um transtorno do Neurodesenvolvimento que é caracterizado pelas dificuldades que o indivíduo tem na interação social, na comunicação e pelo padrão restrito e repetitivo de comportamento.

Por isso, fique atento às notícias e às falsas propagações de informações. E para conhecer mais sobre a ODAPP acesse: www.odapp.org.

Obrigada por me acompanhar até aqui!

Referências

APA – American Psychiatric Associatio. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Tradução: Maria Inês Correa Nascimento et al., revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli et al. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

GAIATO, Mayra. Poda Neural: O que é e como impacta uma criança com autismo? Mayra responde. 2021.(08:28). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Pn4qwHcUdeI>. Acesso em: 21 de fev de 2022.

NOBRE, Juliana Nogueira Pontes et.al. Fatores determinantes no tempo de tela de crianças na primeira infância. Ciência & saúde coletiva, 26 (3),15,p. 1127-1136,2021.

SEGRETTI, Letícia. Não é verdade. São Paulo, 8 de fev de 2022. Instagram: @leticiasegretti. Disponível em: < https://www.instagram.com/p/CZvQr8RsoUw/ >. Acesso em: 21 de fev de 2022.

Rebeca Collyer dos Santos – 
Customer Success

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista e pós-graduanda em Neurociência pelo Centro Universitário Internacional UNINTER, com cursos na área de Educação Inclusiva pela Universidade Federal de São Carlos. Atua como Psicóloga na clínica CAEP, em Poços de Caldas (MG) e como Customer Success na empresa ODAPP Autismo.