Ácido fólico pode reduzir o risco de autismo provocado por medicamentos para epilepsia e produtos tóxicos

5 - acido folico

O ácido fólico é uma vitamina B e, normalmente, é usado como suplemento na gravidez para evitar problemas congênitos. De acordo com cinco pesquisas publicadas nos últimos meses, o ácido fólico pode reduzir o risco de autismo e aliviar as características da condição.

Três destes estudos indicam que o ácido fólico, como suplemento na gravidez, diminui o risco de autismo associado á exposição de fármacos epilépticos ou produtos tóxicos da criança no útero. Os suplementos pré-natais são conhecidos por prevenir problemas congênitos (durante a gravidez).

Pesquisas com crianças expostas às drogas epilépticas Durante a pesquisa das gestações com crianças expostas as drogas epilépticas, revisaram dados médicos para 104.946 nascimentos na Noruega entre 1999 e 2008. Eles se concentraram em 288 mulheres que tomaram drogas epilépticas durante seus 328 gestações. Quando as mães estavam grávidas entre o período de 17 a 30 semanas, relataram a ingestão do ácido fólico como suplementação e, posteriormente, quando seus filhos tinham 18 a 36 meses de idade, responderam um questionário que avaliavam a presença do autismo nas crianças. Dos 68 filhos cujas mães não tomaram ácido fólico, 11 (32 por cento) apresentaram características de autismo aos 18 meses de idade; 9 das crianças (26 por cento) apresentaram esses traços aos 36 meses. Em comparação com as mulheres que tomaram ácido fólico, 15 das crianças de 18 meses (9 por cento) e 8 das crianças de 36 meses de idade (6 por cento) apresentaram traços de autismo. Sendo assim, os bebês que não tiveram suplementação do ácido fólico durante a gestação foram quase seis vezes mais passíveis de mostrar traços de autismo aos 18 meses e oito vezes mais passíveis aos 36 meses, quando comparados com crianças que tiveram a suplementação.
Ação do ácido fólico contra pesticidas e produtos químicos

Os outros dois estudos sobre suplementos analisaram os partos na Califórnia entre 1997 e 2008. Os pesquisadores exploraram se o ácido fólico reduz o risco de autismo provoca por pesticidas. Quando as crianças tinham entre 2 e 5 anos, as mães relataram a ingestão de ácido fólico e outras vitaminas – a partir de suplementos e alimentos – durante a gravidez. Eles questionaram as mães a frequência da exposição pré-natal aos inseticidas na casa para 296 crianças com autismo e 220 crianças saudáveis. Eles também estimaram a exposição pré-natal aos pesticidas com base na proximidade das casas próximas a fazendas. Entre as mulheres que ingeriram ácido fólico acima da média, os bebês expostos aos pesticidas durante a gravidez são aproximadamente de 1,3 a 1,9 vezes mais prováveis apresentar autismo quando comparado com crianças sem exposição.

Mulheres com ingestão de ácido fólico abaixo da média e exposição a pesticidas podem dobrar o risco. No outro estudo avaliando nascimentos do estado da Califórnia, os pesquisadores estimaram a exposição pré-natal a cinco tipos de poluentes atmosféricos. O estudo incluiu 346 crianças com autismo e 260 de crianças saudáveis como grupo controle. Os pesquisadores constataram que a ingestão de ácido fólico acima da média não tem um efeito estatisticamente significativo no risco de autismo da maioria dos tipos de poluentes do ar – um risco que está longe de ser estabelecido -, contudo está ligada a um risco de autismo um pouco menor devido à exposição a um poluente do ar: dióxido de nitrogênio. Todos os estudos levaram em consideração, a ingestão de outras vitaminas e minerais da mãe, idade, renda salarial, nível de escolaridade, tabagismo, consumo de álcool, gravidez precoce e o status socioeconômico. Além disso, os pesquisadores ainda precisam descobrir como o ácido fólico pode mitigar o risco de autismo associado a medicamentos, pesticidas ou poluição do ar, uma vez que esses fatores de risco provavelmente terão diversos efeitos biológicos.

Conteúdo adaptado do site Spectrum News (https://spectrumnews.org/news/flurry-studies-hint-folic-acids-protective-role-autism/) e revisados de artigos publicados na PubMed:

BJØRK, Marte et al. Association of folic acid supplementation during pregnancy with the risk of autistic traits in children exposed to antiepileptic drugs in utero. JAMA neurology, v. 75, n. 2, p. 160-168, 2018.

SCHMIDT, Rebecca J. et al. Combined prenatal pesticide exposure and folic acid intake in relation to autism spectrum disorder. Environ Health Perspect, v. 125, n. 9, p. 097007, 2017.

GOODRICH, Amanda J. et al. Joint effects of prenatal air pollutant exposure and maternal folic acid supplementation on risk of autism spectrum disorder. Autism Research, v. 11, n. 1, p. 69-80, 2018.

Adaptado por Ana Carolina Gonçalves, redatora do Observatório do Autista®.