Uma nova pesquisa revela um possível progresso no desenvolvimento para adultos com TEA

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A cada dia as pesquisas em torno da detecção precoce e tratamento para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão mais avançadas, porém existe uma carência no estudo de métodos de intervenção quando se fala dos adultos com TEA. Esses indivíduos apresentam grandes obstáculos como desemprego, problemas de socialização e baixa qualidade de vida, decorrentes das dificuldades de compreensão e cognição das informações produzidas durante o dia-a-dia.

Uma nova pesquisa em colaboração com a Escola de Serviço Social e o Departamento de Psiquiatria da Universidade de Pittsburgh revela um possível progresso no desenvolvimento para adultos com TEA. Intitulado como “Terapia de aprimoramento cognitivo para Transtorno do Espectro Autista em adultos: resultados de um ensaio clínico randomizado por 18 meses”, a pesquisa foi liderada por Shaun Eack, doutor em Serviço Social, David E. Epperson, professor de Serviço Social e Psiquiatria pela Universidade de Pittsburgh, e Nancy Minshew, professora de Psiquiatria e Neurologia pela Universidade de Pittsburgh.

O estudo testou dois tratamentos diferentes em 54 adultos, sendo eles a terapia de aprimoramento cognitivo (TAC) e a terapia de suporte enriquecida (TSE). Os tratamentos foram distribuídos aleatoriamente para os participantes.

O TAC consiste na evolução e melhora da compreensão social através de exercícios computadorizados em duplas para trabalhar questões como atenção, memoria e a resolução de problemas. Após vários meses do experimento computadorizado, foram realizados pequenos exercícios em grupo para auxiliar na interação social e compreensão da perspectiva de outro indivíduo. Tanto os exercícios computadorizados e em grupos tinham duração de três horas por semana.

O tratamento TSE se baseia em práticas tradicionais de psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental, para ajudar os adultos com TEA controlar suas emoções e estresse, aprimorar suas relações sociais e enfrentar problemas do cotidiano. Exclusivo do tratamento TSE, pesquisadores incluíram também projetos educativos para que os próprios portadores do TEA entendam sua condição e a natureza do autista.

Publicada na revista online Autism Research, o resultado do experimento teve resultados promissores. Após 18 meses de tratamento, os adultos com autismo que receberam o tratamento TAC tiveram avanços significativos na função neurocognitiva, principalmente na atenção e sua capacidade de processar informações rapidamente. Esses avanços ajudaram os participantes no mercado de trabalho.

O tratamento do TSE ajudou na interação cognitivo-social dos indivíduos estudados, porém demorou cerca de 9 meses para que os resultados aparecessem em comparação com o tratamento TAC. Eack comentou que os principais tratamentos realizados com adultos autistas apenas trabalham o aspecto comportamental dos indivíduos e não valorizam as atividades neurocognitivas que são imprescindíveis para uma qualidade de vida e independência destes adultos. Eack também espera que os tratamentos sejam divulgados, uma vez que as organizações de apoio às crianças com TEA não acolhem os adultos e sofrem com as dificuldades da vida adulta.

Minshew acredita que, pela eficácia do experimento, os tratamentos sejam acrescentados aos programas de intervenções tradicionais, inclusive para os indivíduos que não tenham autismo, mas apresentam dificuldades de atenção, socialização e compreensão, e pelo menos 50% dos autistas que estão na média ou acima do desenvolvimento intelectual e da linguagem formal.

Essa pesquisa foi fundada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (National Institute of Mental Healtg, NIMH) e notícia adaptado do site Science Daily (https://www.sciencedaily.com/releases/2018/02/180207164039.htm).

Adaptado por Ana Carolina Gonçalves, redatora do Observatório do Autista®.